Arquivo Municipal de Leiria guarda 16 quilómetros de documentos
- 03/04/2025
Leiria é o 20.º arquivo municipal a entrar na RPA, onde estão também 30 arquivos de outras entidades públicas. A adesão, explica a vereadora Catarina Louro, "vem valorizar o serviço do AML", permitindo "centrar esforços de normalização, definir boas práticas e reforçar a qualidade na divulgação da informação".
Atualmente, não é possível aferir quantos são todos os documentos conservados. "Mas, em metros lineares, a dimensão é de 16 quilómetros", nota a vereadora responsável pelo AML.
Uma equipa de 16 técnicos trabalha todo esse manancial de documentação, cumprindo os principais objetivos do serviço, "o acesso à informação e a garantia de que esta esteja preservada".
Para tal, tem havido "um elevado esforço na informatização e desmaterialização, registando essa informação em aplicação normalizada".
Desde 2019, por exemplo, foram digitalizados 1,5 milhões de documentos, parte considerável deles tratados no âmbito do projeto de migração do sistema de gestão de informação, "com vista à preservação da informação de 1999 a 2014", explicou à agência Lusa Catarina Louro.
A digitalização da informação prossegue, consoante as necessidades do dia-a-dia, "seja para a tomada de decisão, investigação histórica/académica, divulgação ou mesmo para consulta".
À guarda do AML está documentação relacionada com a gestão da Câmara de Leiria (atas, contas de gerência, planos de atividade, entre outra), passando pela área dos licenciamentos, até à educação, ambiente, segurança e obras municipais.
"Não podemos esquecer ainda a documentação associada a competências que, atualmente, são da administração central, como os processos de emigração, as licenças de condução de velocípedes e a atribuição de matrículas", acrescenta a vereadora.
Entre muitos milhões de documentos, o mais antigo à guarda do AML data de 1675. Faz parte de uma série documental denominada "foros", que "eram parcelas de terrenos cedidas a foreiros para cultivo, sobre o qual tinham de pagar o aforamento (ou renda)".
Atualmente, o AML está sobretudo empenhado no tratamento do fundo e coleção de fotografias da Câmara Municipal de Leiria. Mas, adianta a vereadora, "temos também o projeto de Diagnóstico da Situação Arquivística das Associações de Cultura, Desporto e Recreio".
O investimento na informatização e na desmaterialização permite implementar novas tecnologias e ferramentas de inteligência artificial, "nomeadamente na leitura e transcrição automática, na pesquisa e agregação por determinados assuntos e no cruzamento da informação em determinadas fontes".
Esse processo revela-se ainda mais relevante pela possibilidade de levar mais longe a pesquisa e o acesso, para o que a adesão à RPA também tem papel importante, porque permite a integração em referências nacionais, como o Portal Português de Arquivos, e internacionais, caso do Archives Portal Europe, por exemplo.
A entrada na rede faz antever um aumento de procura do serviço, cujo número de pedidos ultrapassa, desde 2015, os 80 mil pedidos, ascendendo a mais de dois milhões - originário de 80 países - o número de visualizações através da aplicação do AML.
Entre as principais solicitações ao AML, estão "processos de obras particulares e municipais, de matrículas, atas das reuniões da Câmara Municipal, correspondência e alvarás sanitários".
Leia Também: Mulher acusada de incêndios florestais fica com internamento suspenso
