Áustria diz que ações secessionistas de Dodik na Bósnia "não serão toleradas"
- 04/04/2025
Beate Meinl-Reisinger lembrou, em conferência de imprensa, que a Áustria já tem em vigor a proibição de entrada de Dodik no país.
"As ações e as leis que promovem a secessão não serão toleradas. É necessário, em momentos como este, dizer as coisas com clareza. As recentes ações de Milorad Dodik, presidente da Republika Srpska (RS), ameaçam a estabilidade, a ordem constitucional e a integridade territorial da Bósnia-Herzegovina", acrescentou Meinl-Reisinger, no final de um encontro com o homólogo bósnio, Elmedin Konakovic.
Na quinta-feira, a Áustria e Alemanha anunciaram a proibição de entrada nos seus territórios ao presidente da entidade sérvia da Bósnia, uma medida que abrange também o primeiro-ministro, Radovan Viskovic, e o presidente do parlamento da RS, Nenad Stevandic.
Os três responsáveis são procurados pela justiça bósnia no âmbito de um inquérito por ataque à ordem constitucional, aberto após uma série de ações secessionistas realizadas pela entidade sérvia, nomeadamente a proibição de atuação da polícia e da justiça central no território da RS.
Desde o fim da guerra, a Bósnia está dividida em duas entidades autónomas: a Republika Srpska (RS) e a Federação Croato-Muçulmana.
Os três dirigentes, que se recusam a comparecer perante a Procuradoria de Estado da Bósnia, são alvo de mandados de detenção nacionais, mas as autoridades consideraram demasiado arriscada a detenção.
Na quarta-feira, a Interpol recusou divulgar junto dos países-membros um mandado de captura internacional contra Milorad Dodik e Nenad Stevandic, solicitado pela justiça bósnia, na sequência de uma "nota de protesto" da Sérvia, da qual os dois políticos também são cidadãos.
Dodik afirmou estar a ser alvo de uma "perseguição política" na Bósnia, destinada, defendeu, a "eliminá-lo da arena política".
"As sanções já entraram em vigor. Trata-se de uma sanção que impede Milorad Dodik e outras duas pessoas de entrarem em território austríaco ou de transitarem pela Áustria rumo a outros países", disse a ministra austríaca.
Segundo Meinl-Reisinger, a "crise constitucional" na Bósnia "deve ser resolvida, em primeiro lugar, pelas instituições judiciais locais".
"Mas [...] também temos os nossos interesses, enquanto Áustria e enquanto União Europeia. E creio que, quando são ultrapassadas tantas linhas vermelhas, as atividades secessionistas deixam de poder ser toleradas, e devemos enviar sinais políticos claros", afirmou.
Também na quarta-feira, Dodik disse que a Interpol tinha rejeitado o pedido da Bósnia-Herzegovina para emitir um mandado de prisão internacional contra si, ao regressar de um encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo.
Dodik escreveu na rede social X que recebeu um telefonema do Presidente da Sérvia, o nacional-populista Aleksandar Vucic, que o informou que o recurso da Sérvia tinha sido aceite e a Interpol tinha recusado emitir o mandado de captura.
A Sérvia enviou uma "nota de protesto" à Interpol, pedindo a rejeição do pedido do tribunal bósnio.
Com a aproximação do trigésimo aniversário dos Acordos de Dayton, que puseram fim à guerra (1992/95), que fez perto de 100.000 mortos e milhões de deslocados, a Bósnia enfrenta uma grave crise política que ameaça mais do que nunca a unidade do território.
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